Viver às vezes, é complicado

 Bom dia!!

Viver simples, com cor, alegria, é hoje um atributo que muitos seguem, jovens e menos jovens. Não é fácil, precisa desapego. Confesso que amo essas decorações, mas...,  ainda não cheguei lá. 

Garanto-vos, estou já na segunda metade. Ou seja, comecei a desocupar, como se diz em português, comecei a " destralhar" , ou desapegar de coisas que não fazem falta.  O conceito que os jovens ecologistas e defensores do Planeta e da natureza, trouxeram para tudo, modo de vida, filosofia, moda, etc. acabou por se estender também à decoração de interiores. A ideia de casa para ser vivida, partilhada, usada, eu faço, com espaço de conversa, de cozinhar junto, eu adoro. 

O que ainda não consegui, dado que estou a ir para "idosa", eu prefiro a palavra velha, estou a caminhar para sénior, velhota, ou como quiserem chamar,  é o desapego das lembranças que se juntam ao longo da vida, fotos, recordações de viagens, prendinhas que os filhos fizeram em crianças, os nossos primeiros trabalhos, as coisas que compramos quando visitamos uns lugares menos habituais, o bibelots, as coisinhas que alguém nos ofereceu.

O desapego não é fácil. Na minha vida, passei décadas sem ver a minha mãe , que constituiu outra família e deixou para trás os filhos do primeiro casamento. Opção dela, mas não é sobre isso que tenciono escrever. Cada um de nós, tem a sua história.  Quando minha mãe faleceu há quatro anos e meio, guardei algumas roupas dela. Não sei porquê. Há dias, tomei consciência física daquela meia dúzia de peças,  penduradas num cabide, num dos quartos cá de casa e resolvi dar-lhe destino. Precisei deste tempo para o meu luto, feito à minha maneira. Acredito que foi isso.

A minha parte que já atingiu o conceito de minimalismo, aceitou que me desfizesse daquelas roupas que guardei e mantive  penduradas, à vista. Foram lavadas várias vezes, porque tinham um cheiro intenso a tabaco que não suporto ( vim a descobrir que minha mãe, fumava muito). 

Foi a minha forma de me despedir dela? Não sei, nunca a vi com nenhuma das roupas e nem conhecia o cheiro, há mais de vinte anos que a tinha visto e outros vinte para trás, sem nunca nos cruzarmos. Não vivíamos sequer perto. Ou seja, eu mal conhecia a minha mãe. Mas o guardar aquelas roupas, teve certamente um significado, mas aqui e agora já não interessa.  

Então,  doei e ao conseguir fazê-lo, doei outras coisas minhas, de juventude, e coisas de casa, louças que já não usava, colecções de revistas que mandei para reciclagem, entre outras coisas, e confesso, que me fez um bem danado. Houve um alívio como se tivesse tirado das minhas costas, um daqueles sobretudos para o frio, que pesam mais do que nós!!

E toda esta conversa sobre mim e sobre os desapegos das coisas, para escrever sobre o minimalismo. 

Já cheguei ao conceito, já consegui desapegar e destralhar, coisas que não me diziam respeito de forma directa. Mas as recordações da minha vida,  a que eu vivi, com filhos o meu marido ( festejamos há dias 51 anos juntos), essas eu vou guardar.

Num conceito diferente e por isso, vou mudar a minha casa. Vou pintar móveis, portas e dar luz. Já vos disse que a minha casa é antiga, é um apartamento de 1982. Já teve várias reformas, e já precisa de uma nova... Trazer alegria, mudar sem deitar fora, sem comprar novo, mas dar nova cara. Mudar inclusive as coisas de sítio, arejar 

Só para trazer algo com alegria e cor, para tirar a tristeza do meu post de hoje,  que eu precisava fazer e acima de tudo, escrever,  algumas imagens da revista Marie Claire Maison, nesse novo conceito, de simplicidade, alegria, desapego, cor. E porque não dizer, de vida!



Esta ideia de almofadas, eu estou a fazer, com roupas minhas que amo, mas não servem mais, ou porque mancharam, encurtaram, encolheram ou outra qualquer coisa. 
Tenho quatro gatos e um deles, foi criado a biberão, por mim, julga que sou a mãe. Tem um sentimento de posse, inacreditável, trepa por mim e crava as unhas  em mim, como que para dizer, é minha. 
Pois bem. a minha roupa, está parcialmente furada das unhadas do meu "filho" felino. 
Essas vou aproveitar e o resto costumo fazer mantas, tapetes, panos, sacos para meias, sacos para roupa de outra estação, etc. 
Não sou muito de deitar fora.


Será que eu gostava de ter um quarto assim? 
Como escreveu Mia Couto, "O importante não é a casa onde moramos. Mas onde, em nós, a casa mora". Esse o lema principal, o cerne da questão.




As crianças precisam espaços para brincar. Os meus filhos sempre tiveram e o espaço tinha nome, era o "Micas", de Micar/brincar...


Não sei se alguma vez vou conseguir concretizar um sonho, ter uma casa com jardim, com tectos de madeira.  Mas ainda sonho, com o meu sonho...


Adoro espaços para todos, os meus gatos são gente de família, não humana, mas família, eles são sortudos, há tantíssimos que nunca sabem o que é um lar, uma casa, uma sofá...


Dentro do minimalismo, há várias correntes, as paletes, os móveis usados, os móveis antigos pintados, os móveis recuperados e em destaque e há ainda os vintage, de meados dos anos 50, 60 e até 80 do séc, vinte.
Há até uma corrente contra os móveis de geração mais recentes, que se montam, e se compram em caixas fechadas, para montar em casa, e se dê grande valor aos mais usados mas de madeira verdadeira ou ferro, etc.


Sou apaixonada por paredes forradas a madeira. Não toda a casa, mas uma parede, gosto muito.


E s espaços versáteis, que podem ser cama de hóspedes, cama de jovem, ou até, porque não? camas para os patudos.


Como escrevi acima, o minimalismo tipo palete.

E o valor, felizmente, que se está a dar às casas antigas.


Ao contrário da Iris Apfel que diz que " Less is bore" ( menos é tédio), acredito que o conceito de less is more ( o menos é mais), veio mesmo para ficar.

No fundo, casas para serem vividas.

Continuação de boa semana e muito grata por ter lido!


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